domingo, 31 de janeiro de 2010

OS DELÍRIOS DE CONSUMO DE DANIELA S. SILVEIRA

"Hoje foi um dia daqueles, onde você tem que acordar cedo e correr para conseguir fazer tudo, um daqueles dias onde nada, nada mesmo pode estragar a sua rotina, pois um atraso e tudo sai errado."

Acordei as 6h da manhã, tomei um banho demorado que gerou um atraso, sai de barriga vazia, bolsa no ombro e pasta na mão. Cheguei 15min atrasada no primeiro compromisso, tudo bem, foi relevante. Saindo de lá, passei no mercado e comprei barras de cereais para o café da manhã, me dirigi ao próximo compromisso.
Já era meio dia, eu ainda tinha longos 50min de intervalo até meu próximo compromisso, e esse sim, não poderia haver atraso. Almocei um delicioso Chicken Wrap, que é claro não me satisfez, então, comi uma barrinha de chocolate de sobremesa. Vendo quanto ainda tinha de dinheiro na carteira, cheguei a conclusão de que precisava ir ao banco por garantia, mas no caminho do bando, me deparo com uma vitrine linda, com uma saia linda, e um vestido lindo.
É cláro que eu entrei na loja, eu ainda tinha 35min para experimentar o que eu quisesse, e depois sair de mãos abanando. Peguei um colete, depois de longos 5min de busca, achei a tão esperada saia, e no caminho por ventura me deparei de novo com o vestido preto de bolinhas brancas da vitrini, e já que ele estava insistindo tanto, levei-o para o provador também.
No provador tudo é mágico, você tira a roupa e seus sonhos de corpo perfeito acabam ao se ver semi nua naqueles dois espelhos que fazem questão de mostrar até as menores celulites, aquelas que você achava que não eram visíveis a olho nú. Mas acorda do choque em alguns instantes e começa o grande troca troca de roupas. Primeiro o colete, era bonito, mas não combinou com a minha blusa, descartado. Depois o vestido, estava louca para experimentar a saia logo, mas o vestido estava na frente então.. entrou como uma luva, parecia ter sido desenhado pra mim, senti que aquele pequeno provador agora tinha um brilho como nunca antes havia tido, eu precisava daquele vestido, e eu sabia que ele precisava de mim. Após cerca de 5min me olhando com olhos de criança quando vê um avião passando no céu, tirei o vestido e coloquei a saia, e acredite, a saia tão esperada havia perdido o brilho, assim como aquele provador perdeu assim que tirei o vestido. Não havia mais dúvidas, eu precisava compra-lo.
Saindo do provador, me deparei com uma fila gigante de pagamento, mas eu não ia desistir agora, afinal era o último no meu número. O tempo passava, passava, e a fila não andava, eu já estava entrando em crise, não podia deixar meu vestido, mas também não podia me atrasar. Fiquei ali, batendo pé, roendo o canto da unha, pensando no saldo da conta bancária que já estava no seu limite. O incrível é que eu não sai da fila, pensei " Daniela você não é assim, juízo, saia logo dai!", pensei em tudo que poderia sair errado por causa de um vestido de algodão e poliéster mas, eu não podia deixa-lo, ele era perfeito.
Finalmente chegou a minha vez, dei o cartão, mas o cartão não passava, uma, duas, três vezes, e o cartão não passava. Quando achei que ia surtar, a atendente descobriu o erro, ela estava colocando código de segurança em um cartão com senha. Compras feitas, desejos realizados, podemos seguir aos compromissos, que a partir dai, não preciso nem dizer que foi um desastre total.

"Eu já tinha tido crises de consumo, mas nunca uma tão forte quanto esta, depois, no ônibus a caminho de um dos compromissos, lembrei do filme "Os delírios de consumo de Beck Bloom", e juro, entendi como nunca a Beck, me senti a Beck, tenho medo de ser uma Beck. "

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